domingo, 29 de abril de 2012

A Sucessora - Capítulo 8

Depoimento de:

As coisas estavam mais agitadas que o normal. Geralmente vivíamos em uma dimensão calma, tranqüila, que mesmo quando havia Guerra, permanecia intacta. Mas desta vez, o conflito nos envolvia. Na verdade éramos o conflito. Os bosques estavam diferentes, como a expressão na face de cada uma de nós. A chegada da humana afetou tanto o mundo visível quanto o invisível, algumas entidades mal conseguiam realizar suas tarefas e os narnianos já sentiam as mudanças na atmosfera.
Glen trouxe um fato intrigante à público esta noite. Aparentemente existe uma traidora entre nós. É difícil crer que alguém que nos acompanhou durante tanto tempo, uma criatura nascida do sopro do Grande Aslam, tenha se virado contra suas irmãs, mas é ao que levam todos os vestígios. Todavia neste momento, a traição de uma alada não é o mais importante. O encontro com a garota das masmorras é esta manhã. Não houve muito tempo para preparar um plano, então nada seria certo Dalí em diante. Nem todas as fadas desejavam me acompanhar, não achavam sensato eu ter convocado um simples humano para nos ajudar.  Porém elas não conheciam o coração de Liam, Príncipe Liam para os narnianos. O jovem, considerado um tirano, apenas seguia as ordens do pai, este sim um insolente. Dentro de si guardava uma alma exuberante, eu o conhecia como a todos, e sabia que se o nomeássemos, este nos seria fiel. O que mais me amedrontava era que, mesmo sendo o Príncipe um bravo cavalheiro, eu houvera dado à ele uma missão, digamos, um pouco complicada, mas sabia que ele conseguiria, de alguma forma. Ao me passar por Janie em seu sonho, percebi seu repentino interesse em ajudá-la.
O encontro foi marcado em uma espécie de abertura entre nossos dois mundos. Um bosque chamado de Preâmbulo, muito pouco freqüentado, por sua aparência sombria.
Antes mesmo do nascer do Sol, aquelas me seguiriam começaram a se preparar. Uma escura capa negra nos tapava a face e o corpo, com um denso capuz que mal nos permitia a visão. Levava certo tempo para que ficássemos preparadas, areias de trigo nos abafava o brilho, águas praianas amenizavam o cheiro característico de cada uma e as asas mantínhamos guardadas, mas era óbvio que achariam estranho um bando de mulheres capadas cavalgando a pleno amanhecer.
Não pude, mais uma vez, ser acompanhada de meu doce Thorine, sendo levada por um corcel negro e rubro que habitava o berço de Kamille. Feinyl era jovem, mas por não ser diferente de qualquer outro no mundo concreto, logo se adaptaria.
E então seguimos viagem, no fim das contas apenas Ybelle e Igne permaneceram no Palácio, tendo que ficar de guarda. Com o tempo todas concordaram com minha decisão. O Sol já começava a se erguer, alaranjado e caloroso, mas ao mesmo tempo tristonho e frio que mal esquentava os corações narnianos. Mais uma vez aquela imagem brusca como um golpe, para alguma fadas, uma espécie de novidade atormentadora. A poeira deixada pelo Beruna se levantava conforme os cascos batiam no chão, o som da cavalgada me lembrava muito o produzido pelos quatro Reis nos tempos de Ouro. Confesso que por um momento, uma fração de segundos, aquele vento tocando levemente minha pele, a cena de minhas irmãs juntas e gargalhando pela lentidão de Callen, e as crinas volumosas sendo levadas com o ar, fizeram-me querer que aquilo jamais terminasse. Como muitas vezes desejei que acontecesse. E então chegávamos ao Preâmbulo. Algumas se renegavam a entrar, corvos voavam sob as árvores, e um canto irreconhecível saia de lá. Mas tudo não passava de covardia. Após uma séria discussão, todas já estavam lá dentro. Deixamos nossos condutores soltos, e subimos nos altos arvoredos do Bosque, esperando ansiosamente, pela chegada de nossos convidados.
Lá permanecemos durante alguns minutos, o silêncio era doloroso, e a troca de olhares era frequente. Até que, depois de um tempo, a calmaria foi interrompida por um galopar pesado e rápido, que foi gradativamente ficando mais leve, conforme penetrava o bosque.
_Não precisava ter corrido tão rápido. – disse uma voz leve e trêmula
_Se não tivesse o feito, nos teriam alcançado. – dessa vez, uma voz mais rouca, que eu conhecia bem, Liam!
A jovem desceu da montaria com um pouco de dificuldade, parecia meio tonta. Em seguida o príncipe, olhando rapidamente os arredores onde se encontravam.
_Agora pode me dizer quem é? E por qual motivo aparente me tirou de lá? – disse a jovem.
Liam que ainda observava o campo, parou instantaneamente, parecendo surpreso.
_Como? Você mesma que me pediu para que a salvasse!
_O que diz? Como posso ter pedido ajuda, sendo que desde que cheguei me trancafiaram naquela sela imunda?
_Desde que chegou? Como assim? Chegou de onde? Você não é de Nárnia? – Liam estava mesmo nervoso, parecia ter se arrependido do ato que acabara de cometer.
_Não. Quer dizer, Nárnia? É onde estou? Mas pensei que fossem apenas histórias! – disse Janie, pensativa.
_Calma um minuto. Você não é uma feiticeira?
_Feiticeira? Veja bem, sei que não estou com as melhores vestes possíveis, e minha expressão pode estar horrível... Mas achar que sou uma feiticeira é demais!
_Mas foi o que me disse no sonho... – Janie se espantou, mas permitiu que Liam continuasse – Que era uma das últimas e tinha sido capturada pelos guardas do Palácio. Me prometeu que se a libertasse não voltaria à essas bandas. Agora que já chegou ao seu destino simplesmente se nega a aceitar suas próprias falas?
_Não, não... Como assim? Desculpe-me, mas devo ser a pessoa errada. – falou a jovem, com um tom baixo e choroso.
Aquilo já tinha ido longe demais, já o tínhamos observado por muito tempo, era hora de parar a conversa, antes que algo fora dos planos acontecesse. Como tinha sido eu a armar o circo, fui a primeira a me apresentar. O salto do topo da árvore foi bruto, e produziu um som oco e abafado. Permanecia com as vestes negras, e com o rosto coberto. Ao tocar o chão, ambos olharam para mim como um súbito reflexo.
_Não és a pessoa errada Janie. – disse olhando ainda para baixo, percebi o susto que a jovem levou quando citei seu nome, ela rapidamente se escondeu por trás de Liam.
A imagem era mesmo meio conturbadora, ver um ser encapuzado dizer seu nome não é nada interessante. Ao perceber o medo nos olhos deles, foi que tirei a capa. E seus olhos se arregalaram mais ainda.
_Impossível! – disse Janie
_Fantástico! – disse Liam
É, as areias de trigo ajudavam, mas em um ambiente escuro como o Preâmbulo, era inevitável que nosso brilho aparecesse.
_O... O... Que é você? – perguntou Janie
_Bem, é difícil explicar querida. Principalmente à você. Basta saber que estamos do seu lado. Queremos seu bem apenas. Precisamos de você acima de tudo. – respondi com um pouco de dificuldade
_Estamos? Queremos? Precisamos? – disse Liam, questionando a pluralidade das palavras.
Não precisei dizer nada, em um enxame de faíscas todas as outras desceram das árvores, surpreendendo Janie, e encantando Liam, que já imaginava a existência da verdadeira magia em Nárnia. A jovem colocou as mãos no rosto, mostrando que levara um verdadeiro choque. Ela não fazia idéia do que estava acontecendo. Cheguei um pouco mais perto, para explicar o mal entendido.
_Alteza. Janie não é uma feiticeira. Foi eu que a coloquei em seu sonho, para que a trouxesse até nós. Como vê, não poderíamos nós mesmas ir buscá-la. Agradecemos em conjunto por sua ajuda. Agora tem de nós, uma gratidão eterna.
_E quem são vocês, exatamente? – disse ele, concordando com o agradecimento.
_Na teoria somos seres alados dotados de poderes mágicos e responsabilidades terrenas. Devemos manter certas atividades em ordem no mundo concreto. – respondeu Noreen, sempre com a fala mais perfeita possível.
_Somos fadas. – resumiu Kamille, que não se acostumava com as citações alongadas da Rainha da Inteligência.
_Vocês existem! Isso é fabuloso! – disse o príncipe, pasmo.
_Existimos e precisamos ir antes que a manhã chegue por completo, depois fica complicado passar pelos atalhos. – acrescentou Maryn, a sempre apressada, fada do tempo.
_Mais uma vez lhe agradecemos Liam. Seremos sempre gratas, e estaremos prontas quando necessitar de nossa ajuda. – estiquei a mão para Janie, a fim de que me acompanhasse.
_Não! – disse ela balançando a cabeça. – Não vou sem ele!
A atitude de Janie espantou a todos, principalmente o príncipe, que olhava abismado para ela.
_Não sei quem são. Não tenho certeza. Não as acompanho só.
_É normal que ela tenha medo, Ember. – disse Callen.
_Mas ele não pode ir conosco. Nenhum humano pisa em solo imaterial. Janie é uma exceção. – a possibilidade de dois humanos em nossa Terra era um golpe. – Mas... Anie?
_É complicado Ember, para a entrada dela já perderemos parte do véu, e você sabe como ele demora a se recuperar. Mas ele pode nos acompanhar até o limite.
O limite era o ponto onde acabava o mundo material, e começava o nosso. Até lá, não haveria problemas em sermos acompanhadas por Liam.
_Janie, ele pode te acompanhar apenas até a entrada da passagem. A partir daí é perigoso demais.
Ela olhou para ele, era impressionante a cumplicidade que criaram apenas durante aqueles minutos. Janie confiava nele, mais do que tudo naquele momento.
_Já ouvi histórias sobre a magia da antiga Nárnia. Não imaginava que ainda existia algum vestígio dela. Se existe, acredite, é confiável. – o príncipe a confortou.
Janie assentiu. E ainda amedrontada e confusa, nos acompanhou. Durante a caminhada, percebia cochichos entre eles. Ela ainda não se sentia segura.
Ao chegar ao limite, a entrada foi um pouco árdua. Mas se concretizou. Pouco antes de entrar, me direcionei à Liam, e dei meu último aviso:
_Não mencione isso à ninguém. Vossa Alteza não faz idéia do que está para acontecer. Vosso pai, o rei, não pode sequer imaginar o que fez. E ñão se preocupe com os guardas que o viram, cuidaremos deles. Ah, e não se esqueça de dormir bem cedo, para que possa ter bons sonhos... Talvez, com notícias de sua amiga.
O príncipe ajeitou as rédeas e partiu. Agora teríamos que contar a Janie, sua origem. O que não seria nada fácil.



sábado, 28 de abril de 2012

A Sucessora - Capítulo 7

Depoimento de:

Estava amanhecendo, apenas Anie e eu permanecíamos sentadas na escadaria do palácio, foi quando avistamos Ember, vindo do horizonte. Em um passo meio rápido, quando finalmente apareceu no portão, corremos atá ela.

_Ember..... E então... Encontrou? - perguntei muito curiosa

Mas Ember estava com uma cara de dúvida. 

_Não vão acreditar... Não conseguirão acreditar. É uma jovem, e está presa nas masmorras do castelo. - Anie não mostrava nenhuma expressão de preocupação, pelo contrário parecia não sentir nada. Fadas do sentimento como eu, conseguem ler as mentes das outras e o que se passa em seus corações, mas não queria ler sua mente. Ember parecia até mais pálida, mas continuou.

_Ela se parece muito com a Rainha Susana, e realmente Susana estava em seus sonhos, em sua mente, não consegui ler todos seus sonhos. Mas é certo, a jovem é uma prole da Rainha.


A notícia veio como um choque. Era praticamente impossível. Era fantástico. 

_Mas como será que ela foi parar lá? - olhei pra minha direita Anie havia sumido - Agora a Anie faz o favor 
de sumir. 

De repente uma voz surgiu por trás da gente, era Ybelle dizendo: 

_Ember vá descansar você teve uma longa noite. Glen você também deve descansar- disse ela.

Logo depois que Ember foi embora, eu fingi ir embora também. Quis sair pro mundo humano, o que era bem perigoso, mais como era bem cedo só iria encontrar muitas pessoas nos grandes vilarejos. Algumas fadas se materializam, eu tive que me materializar, tive que passar um pó pra esconder minha brancura escondi minhas orelhas e minhas asas, coloquei uma roupa de camponesa, e sai, na hora de atravessar o véu reparei que já estava aberto. O véu quando se rompe por uma fada só se fecha quando essa fada volta então pela lógica o véu se fechou quando Ember voltou.
Quem será que atravessou o véu? Então alguma de nós anda nos traindo, pensei em continuar com a idéia de tentar encontrar a menina, mais desisti. Enquanto voltava para meu bosque, pensei em varias fadas, e o porquê dela ter saído. Será que foi com o mesmo propósito que eu? Quando cheguei, tirei toda aquela roupa, coloquei um vestido roxo, nem quis colocar sandálias por que ia dar muito trabalho, mas logo vi que eu ia me arrepender, peguei um casaco e parti pro bosque oculto, onde Ember mora, chegando lá sai procurando por ela, quando a achei ela estava no lugar de sempre no seu balanço no topo do monte. O frio pra mim era de lascar, e num lugar de noite eterna, o frio era constante.
Assim que cheguei, ela nem acreditou que eu estava lá.

_Ember, o véu esta aberto. Eu ia ir ate o mundo dos humanos e quando ia passar pelo véu, ele estava 
aberto. -disse ofegante

_Impossível, ele se fechou quando voltei, e verifiquei se havia fechado- disse ela

_Acho que há uma traidora entre nós.

Será que realmente a uma traidora entre nós? Aquilo me deixou muito intrigada. Quem seria? Eu simplesmente poderia ler sua mente e descobrir, mais ela pode me bloquear. Eu sabia que Ember estava com o mesmo pensamento. 
Quando eu voltei faltavam algumas fadas, que estavam em sua tarefas diárias como Igne, Norreen, Anie e Kamile. Mas Anie não tinha nenhuma tarefa hoje, mais como disse Kamile, ela estaria em seu quarto dormindo, então decidi ir chamá-la e realmente ela estava lá. Eu decidi por mim mesma em ir olhar o véu, e estava fechado como se nunca tivesse sido rompido. Se o véu soubesse falar ele poderia me contar quem passou ali, mais quem sabe eu não achasse alguma pista, que poderia me ajudar. Olhei cada detalhe o máximo que consegui foram pegadas. 
Já deviam ser umas 6 horas da tarde, ha essa todas fadas já deviam ter voltado ao refugio, convoquei todas na sala, e comecei minha fala

_Boa noite, Estamos todas reunidas por uma causa, ninguém em Nárnia saberia que alguma pessoa de outro mundo estaria aqui ao menos que alguém tivesse contado pro rei, e em toda terra de Nárnia apenas nós fadas sabemos que uma Menina de sangue real estava aqui - todas as fadas se entre olharam sob uma não mostrava nenhuma reação - agora a menina esta numa sela e talvez já foi até pra julgamento e todas vocês sabem que invasores ou pessoas que não são registradas no governo de Nárnia, são mortos. Então levo a crer que tem uma traidora entre nós, hoje quando tentei ir no mundo dos humano, antes de passar reparei o véu rasgado, e não foi quando Ember passou. Tinha sido aberto por alguém e só nós fadas podemos fazer isso. - pelo incrível que pareça todas as fadas se fecharam, eu não podia ler seus sentimentos- sei que todas se fecharam e isso não vai ficar assim, vou descobrir quem e essa.

Logo depois Ybelle me deu uma bronca por ter tentado passar pelo véu sem sua permissão, mais agradeceu por não ter saído e ter contado a todas sobre a suposta traidora.

Chamei Lua e voltei pro meu bosque queria ficar em casa, troquei minha roupa e deitei na minha cama mais eu estava muito inquieta não conseguia dormir. Sentei numa pequena colina e minha única companhia a noite toda foi minha preciosa Lua. Estava curiosa queria saber quem era e como era a menina, devia ser a cara da Susana. Acabei adormecendo encostada na lua, acordei com a luz do sol no meu rosto, assim que me levantei estava tão dolorida, voei ate um pomar, peguei uma maça e fui direto pro palácio.